segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Ví e gostei!



Primeiro grande filme esperado do ano, Sherlock Holmes de Guy Ritchie nos poupa de uma desnecessária trama de origem e nos levam diretamente à ação (alias é o que mais queremos!).

Contratados para solucionar o sequestro de uma jovem, Holmes (Robert Downey Jr, impecável!) e Watson (Jude Law, perfeito!) salvam a garota de um ritual oculto realizado pelo sinistro Lorde Blackwood (Mark Strong). Condenando à forca pela morte de cinco outras garotas, o vilão aparentemente retorna das cinzas para tomar a Inglaterra com uma sinistra conspiração. Além disso, o detetive ainda tem de encarar a volta de sua antiga paixão, a golpista Irene Adler (Rachel McAdams), fato que pode estar ligado às ações de Blackwood e ao surgimento de um perigoso adversário.

Desde os trailers, fica claro que o sucesso desta empreitada ficaria nas costas de seus dois protagonistas. Graças à química entre Robert Downey Jr. e Jude Law, acreditamos em cada momento de picuinhas e camaradagem entre os dois. A arrogância e prepotência de Holmes, temperada com o sarcasmo habitual de Downey Jr., somadas com a elegância e o ar de cavalheirismo de Jude Law formam uma mistura perfeita.

A despeito da genialidade de Holmes, este é uma pessoa bastante peculiar e difícil de se conviver, possuindo um cinismo único, diversas manias excêntricas e modos bizarros de expor sua inteligência, que só são suportadas por seu companheiro, com Watson sendo o ponto de ordem na vida do detetive (afinal até seus relacionamentos amorosos tendem a ser bagunçados). Enquanto isso, as diversas aventuras nas quais Sherlock se envolve acabam por dar uma certa alegria à vida de Watson, tirando-o do marasmo de uma vida burguesa praticando medicina. O resultado é uma relação de necessidade mútua entre o detetive e o médico, na qual um precisa do outro para manter o equilíbrio em suas existências.

Por falar em médico, é interessante notar algo. É sabido que a série de TV House se inspirou nas aventuras de Sherlock Holmes para criar seu protagonista. No entanto, nesta nova versão do detetive vitoriano, é impossível não notar algumas influências da relação entre House e Wilson (vividos na telinha pelo ótimo Hugh Laurie e Robert Sean Leonard) na dinâmica entre Sherlock e Watson.

De um modo inteligente, Guy Ritchie nos mostra que, para o detetive, suas habilidades físicas são apenas mais um meio de demonstrar sua sagacidade, com cada um de seus movimentos, seja em uma luta ou em uma perseguição, sendo tão calculados quanto uma jogada de xadrez, adicionando uma nova faceta ao personagem, sem descaracterizá-lo.

O belo visual do filme é outro ponto positivo. Enquanto os figurinos dos protagonistas refletem muito bem suas personalidades (caos/ordem), a fotografia sombria e a cenografia mais “suja” dão à Londres vitoriana, geralmente retratada nas versões fílmicas da franquia de modo bastante inofensivo, um ar de perigo a cada esquina, em um tremendo acerto do diretor. Ritchie surpreendeu na condução das grandiosas cenas de ação, todas empolgantes e em uma escala bastante elevada. Destaques para a luta que começa na casa de um anão ruivo, envolvendo um peculiar francês, e para uma explosiva sequência no final do segundo ato.

Os fãs de Guy Ritchie podem ficar sossegados: o diretor continua utilizando aqui o mesmo estilo que o consagrou em seus trabalhos anteriores como Snatch - Porcos e Diamantes ou Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes. Ou seja, muita ação, cortes de grande rapidez, enquadramentos diferenciados, ritmo incessante e uma estética bastante influenciada pela narrativa de histórias em quadrinhos. E - claro - sarcasmo, muito sarcasmo. Boa parte dos méritos do filme reside em seus diálogos afiadíssimos e irônicos. Direção de arte e fotografia atuam em conjunto para criar com bastante eficiência uma Londres ao mesmo tempo imponente, majestosa, sombria e assustadora, em tons de preto e azul escuro. Enquanto a trilha de Hans Zimmer busca sair do convencional e se apoia num belo trabalho baseado em cordas (mesmo porque o protagonista se inspira tocando violino). Porém, como vem acontecendo com os blockbusters, trata-se novamente de uma trilha que não dá sequer um minuto de silêncio aos ouvidos da plateia.

O resultado é um entretenimento divertido e muito bem produzido, que venha a segunda parte e a nova ameaça... o professor Moriarty, será que Brad Pitt irá topar essa nova empreitada ??!

Nenhum comentário:

Postar um comentário